O Luís era um menino como os outros. Gostava de fazer tudo o que as outras crianças fazem, como correr, brincar, saltar... Até que um dia uma dessas brincadeiras banais, aparentemente inofensiva, modificou a sua vida para sempre. O Luís não se afogou na piscina ou no tanque, como infelizmente tantas vezes acontece, nem caiu de nenhum muro. Estava, tão simplesmente, a brincar com balões. Juntamente com os irmãos, rebentavam balões e brincavam com os restos dos mesmos. Também eu me recordo de, em criança, colocar um pedaço de balão encostado aos lábios, com a boca aberta, e aspirar o ar para criar um novo balão dentro da boca, que depois orgulhosamente mostrava aos amigos. E era exactamente isso que o Luís fazia, imitando os irmãos mais velhos que exibiam os seus pequenos balões de "pipo" torcido. Mas o Luís, com 3 anos, não conseguiu fazer um balão. Aspirou, em vez disso, o fragmento de balão, que se "colou" na garganta impedindo a entrada de ar nas vias aéreas. E, portanto, sufocou.
O Luís sobreviveu. Não pode, apesar disso, brincar como brincava. Não é capaz de correr, não é capaz de saltar, nem mesmo de andar. As lesões cerebrais provocadas pela asfixia foram muito graves, e o Luís ficou confinado a uma cama, incapaz mesmo de falar e provavelmente de compreender grande parte do que lhe é dito. É alimentado por um orifício criado no abdómen, por não poder mastigar e engolir, que lhe leva as papas e alimentos triturados directamente para o estômago. O Luís é hoje um adolescente, preso à sua cama e ao seu mundo pequeno, com frequentes internamentos por infecções respiratórias e outras complicações das múltiplas sequelas que este acidente horrível lhe provocou.
Se não serve de consolo ou remédio, serve pelo menos este desabafo para despertar um pouco mais as atenções para estes perigos disfarçados de brincadeiras... Dêem uma vista de olhos pelo site da APSI, e saibam como evitar os acidentes mais frequentes. Não acontece só aos outros, os acidentes são a principal causa de morte em crianças após o primeiro ano de vida...
|