domingo, 15 de outubro de 2006

The End

Devo grandes desculpas a todos os que por aqui passam para ler novidades no blog... A promessa que fiz está a ser quebrada, e tenho-vos frustrado com o meu silêncio.

Diz-se que, imediatamente depois da morte, um último suspiro de vida abandona os lábios daqueles que partem. Como se a alma se escapasse, naquele momento, para ir para outro lugar. Foi talvez isso que aconteceu ao blog. Era honesto o meu suspiro, pensava que continha a vida que o blog precisava para reviver. Mas possivelmente tinha já morrido.

Tenho pena. Tenho pena de já não ser capaz de vir aqui partilhar os momentos de alegria e os momentos de tristeza que vivo no diário exercício da minha profissão. Vários motivos contribuem para o meu silêncio. Por um lado a preguiça, o cansaço, porque não gosto de escrever uma coisa qualquer, só para dizer que não estou calado. Gosto de ter disponibilidade, de tempo e alma, para escrever. E a falta de tempo, o cansaço do dia a dia, e alguma preguiça têm anulado essa disponibilidade. Por outro lado vêm os meus doentes. Trabalho num hospital central, onde muitas das coisas que vejo, em especial aquelas que me marcam ao ponto de querer escrever sobre elas, são raras ou especiais. E por isso não posso partilha-las sem correr o risco de os expor, de quebrar o fulcral sigilo que jurei.

E assim acaba o blog. Mal. Com uma agonia prolongada, uma luta interior longa entre a vontade genuína de partilhar e a vontade contida de acabar. Porque gostei muito de o escrever, porque gosto de o reler, porque deixei aqui uma parte de mim, e especialmente porque comunguei com milhares de desconhecidos esse pedaço de mim, fazendo de todos vós parte da minha família. E custa ver um familiar partir para outro lugar.

Hesitei muito antes de escrever tudo isto. Hesito no ponto final. O título deste post, colocado no fim, anuncia a vontade que tenho de não vos frustrar mais. De colocar o definitivo ponto final nas expectativas que criei. Por isso escrevo, num gesto suicida, O Fim.

Obrigado