segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

A avó zelosa


A propósito de um comentário da Paula Rodrigues no último post lembrei-me de uma história deliciosa que me aconteceu há uns tempos. Uma criança de 2 anos foi à Urgência Pediátrica acompanhada pela avó, que estava responsável pela neta naquele dia. O motivo era simples: tinha as palmas das mãos e as plantas dos pés amarelas, notara a avó naquele dia. Tinha medo, explicava, da icterícia. Expliquei que a icterícia era diferente, que a "amarelice" aparecia sempre também na esclerótica, o "branco dos olhos". A seguir perguntei se a avó lhe costumava dar muitas cenouras e abóbora, ao que a avó prontamente respondeu, orgulhosa do seu zelo, que "sim, doutor, faz muito bem aos olhinhos!". Quando lhe expliquei que essa era a fonte do "problema" (que de problema nada tem), a chamada carotenémia, mudou a expressão. Quando se apercebeu que a ingestão abundante de alimentos ricos em carotenos provocava aqueles sinais, montou rapidamente um ar de desdém, dizendo secamente: "Isso são coisas da outra avó!..."
Absolutamente delicioso.