sábado, 20 de dezembro de 2008

Vinte anos depois...

Silêncio absoluto. Noite cerrada, nem uma luzinha de presença. Lá fora o frio, sem chuva. O quentinho dos lençóis embalava-me já há bastantes horas, num retempeador sono de guerreiro, a famigerada saída de banco. Sonhava com alguma coisa, nem sei já o quê, algo confuso e agitado que contrastava com o pacífico exterior. Fugia de algo? Precisava de saltar! Rápido! E sem como nem porquê "PAM!!!". Baralhado, estava sentado, costas encostadas a algo duro, e o frio - onde estão os lençóis? O colchão fugiu? No Hospital não estava, a consistência do tapete em baixo do meu rabo era o do meu quarto. "J.? Estás bem?!". Que raio de pergunta, não se vê? Caí da cama... O contexto confuso-onírico dava ainda sentido ao salto fugitivo do mal que me assolava, transformando ironicamente a pergunta preocupada numa pergunta retórica. Claro que estava bem, mal estaria se não tivesse saltado. Deito-me, sem mazelas, e viro-me para o outro lado. Não nos lembrámos disto na manhã seguinte, mas o que rimos, na noite seguinte ao deitar, quando vi a mesa de cabeceira toda à banda e me lembrei do episódio...