Encontrei aqui o seguinte:
Degradação das urgências ligada à inexperiência de médicos
in Diário Digital, 22 de Novembro de 2004
Os utentes que recorrem às urgências têm vindo a ser penalizados com a degradação dos serviços, admitiu o presidente da Associação de Administradores Hospitalares, Manuel Delgado.
A mesma ideia tinha sido já apontada pelo bastonário da Ordem dos Médicos, Germano de Sousa, no início dos trabalhos. De acordo com o clínico, espanhóis recém-formados exercem funções nas urgências dos hospitais nacionais, muitas vezes sem muita preparação. Manuel Delgado partilha destas preocupações, e explicou ao congresso que a contratação de clínico espanhóis é uma solução de recurso, sendo uma segunda escolha. «São profissionais que são colocados nos hospitais sem qualquer ligação com o funcionamento dos hospitais, com a sua estrutura, com os outros colegas que ali trabalham. Não acompanham os doentes», avançou.
Delgado admite mesmo que, neste aspecto, «estamos a repetir um pouco o modelo brasileiro que já provou que não funciona e os doentes que vão às urgências são os mais penalizados com certeza». Como consequência, a qualidade do serviço tem vindo claramente a degradar-se.
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Hum... Eu vivo de perto a situação do Serviço de Urgência, e a minha opinião é bem diferente da do Sr. Bastonário. Trabalhei já com muitos colegas espanhóis, e se concordo que a formação médica deles é um pouco inferior à nossa (especialmente a formação orientada para a prática clínica, situação que se ultrapassa com algum tempo de prática), acho que não é aí que reside o grande problema das nossas urgências!
Na minha opinião, se algum componente de "inexperiência" há no mau funcionamento das Urgências, ele prende-se com a baixa profissionalização dos médicos que asseguram a maior parte dos "balcões" generalistas das urgências: médicos provenientes dos PALOP com baixo grau de diferenciação de conhecimentos médicos (atenção que não pretendo generalizar nem estabelecer uma correlação directa entre competência médica e nacionalidade/etnia...) - única e exclusivamente a licenciatura, tirada nos países de origem. São os chamados "médicos multibanco", por terem como único exercício da profissão fazerem bancos (Urgências) em vários hospitais diferentes.
Mas teremos outra solução no presente? Temos que esperar que as grandes "golfadas" de alunos que entraram para Medicina nos últimos anos lá cheguem para compensar o défice numérico! Isto claro está se não se agravar a tendência política presente de encarar os médicos como mão-de-obra fácil... Porque se assim for, estes "médicos multibanco" serão sempre mão-de-obra mais barata e portanto preferencial do ponto de vista da gestão empresarial dos hospitais...
Já agora aproveito para censurar fortemente o título sensacionalista e deletério da imagem dos médicos em geral usado pelo "Diário Digital" neste artigo!
segunda-feira, 29 de novembro de 2004
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