sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Um acidente terrível



O corpo humano é capaz de coisas extraordinárias. E o de uma criança é ainda mais fabuloso.

A Margarida, uma pequena de 2 anos, estava a brincar num baloiço quando por acidente caíu. Teve um enorme azar, que se veio depois a verificar estar revestido de muita sorte.

Chegou à Urgência Pediátrica rodeada de um enorme aparato, e todos correram para a sala de reanimação. Cada um que se aproximava, fosse médico, enfermeira ou auxiliar, punha no rosto uma enorme tensão, denotando a angústia que causava a cena a que se assistia. Contavam os bombeiros, com o terror espelhado nos olhos, que no local a menina ainda falava. Foi já no caminho para o Hospital que se foi apagado aos poucos, chegando já inconsciente.

Baloiçava com um lápis na mão, quando caíu. O lápis penetrou o canto interno do olho, ficando apenas alguns centímetros de fora. A TAC, feita no hospital, mostrava todo o trajecto do lápis. Milagrosamente não tinha atingido o olho, passando rente ao mesmo, e furando a órbita para o interior do crânio. Tinha cerca de 10 centímetros de lápis, completamente inteiro, perfurando o cérebro. Várias funções neurológicas estavam afectadas, prevendo-se um desfecho trágico.

Mas o tempo veio trazendo, devagar, uma discreta esperança. Foi operada de urgência, removendo-se o lápis, e depois veio gradualmente a recuperar as funções que tinha perdido. Ao fim de um prolongado internamento estava já praticamente bem, sem aparentes sequelas deste horrível acidente. É de facto espantosa, quase sobrehumana, a capacidade de recuperação das crianças. E a Margarida é disso um exemplo cabal.