terça-feira, 15 de fevereiro de 2005

Uma ajudinha

Marido e mulher entram no consultório em simultâneo. Quem tem consulta é ele, ela vem "para controlar", palavras ditas por ela mesma. Ele sorri, com um sorriso malandro, sabe o que quer esconder. Sabe também que não esconde, que está às claras. Antes do mais chegam os pseudo-motivos de consulta. "É para o Check-up", dizem. Quere um exame ao coração, quer isto e aquilo, e a mulher exige mais alguma coisinha. Fala das dores e mores dores, entre "ai!" e "ui!", "quando carreg-ah!-ah!-ah! aí mesmo!!!".
No final da consulta, com descontracção, conta-nos que não tem potência sexual (estes assuntos, que realmente levam as pessoas ao Centro de saúde, ficam sempre para o fim, depois de um "Ah, é verdade, mais uma coisinha..."). A mulher salta em sua defesa: "Ai, para o que é chega doutora!! Está muito bem assim, deixe-o estar!". Indiferente às palavras da mulher, continua: "Mas não é a mesma coisa de antes... Antes chegava e sobrava, entende? Agora fraqueja mais... Não me dá aí uma ajudinha? Tenho um amigo que faz o Cialis, diz que aquilo agora é que é uma bomba!!". A mulher não se deixa calar, e explica que se é só para ela chega. Reclama "Está MUITO bem assim! É da maneira que sei o que não fazes!...". Dou uma olhadela pelo canto do olho ao processo clínico dele, e percebo que tinha vindo há uns tempos à consulta preocupado com doenças venéreas. Ele ignora a presença da mulher em absoluto, e com um sorriso malandro diz mais uma vez "Passe lá aí os comprimidinhos para eu fazer a minha vidinha...". A mulher bufa e estrebucha, e sai bufando e estrebuchando atrás dele do consultório...